Tempos de escola

Arg, como é que a gente faz quando chega perto de fevereiro e bate aquele desespero cujo codinome é 'saudade'? Saudade da sala de aula, de sentir o cheiro dos livros novos que tanto nos ajuda ao longo do ano - ou não -, de chegar na escola, eufórica, por conta dos novatos e, ao mesmo tempo, com vontade de ter saído na mesma sala daquela galera com que você já está acostumada. Vontade, por incrível que pareça, de ir pra monitoria bem cedinho e meter a cara nos livros, se matar de estudar, pra poder sonhar com a Universidade de Brasília. Esta, que por sinal, só está ao meu alcance no próximo semestre, agora. Sonhar com o futuro, ter dúvida com relação à profissão que se deve seguir. Ir pra escola apavorada com as futuras provas, apesar de ter estudado o bimestre todo e de ter revisado tudo na madrugada anterior. Levar pro provão uma série de resumos e textos mal escritos, rabiscados e reescritos, na ânsia de ler outra vez ao menos rapidinho antes do sinal bater. Saudade de chegar com cara de zumbi nos provões de sábado, enquanto o meu verdadeiro desejo era estar no parque da cidade, no clube ou em qualquer lugar que fosse menos preocupante do que as salas de aula daquele lugar. Às vezes insuportavelmente quentes, às vezes congelantes. Às vezes lotadas, mas no final do ano até que muito desertas. Estou com saudades de reclamar da organização interna, da coordenação irresponsável e da diretoria fraca. Saudade de fazer baderna, saudade da bagunça do extintor de incêndio que foi parar até no DFTV. Faz falta sentir raiva de todo mundo e amor demais também. Faz falta brigar, ficar de mal, rolar fofoquinhas e bilhetinhos por papel. Mais falta ainda faz lembrar das pazes e comemorações que tivemos juntos. Eu posso me arrepender um dia de ter dito isso, mas tenho saudades até mesmo da nossa gincana, que deu tanto trabalho, tantas brigas, indignações, gastos, dores de cabeça... Porém, ao fim de tudo, a recompensa em um excelente clube com excelentes pessoas. Tenho saudade da nossa educação física e do nosso laboratório de redação desfalcado em 20 minutos pelo primeiro. Tenho saudade dos choros desesperados e dos sorrisos despreocupados, ou do inverso. Sinto saudades imensas das aulas, vídeos e apresentações em powerpoint que tínhamos na smart, em que o tédio dominava nosso corpo e nossa mente e acabávamos por cochilar o tempo inteiro. E, ao final de tudo, sem anotações e sem nada referente à aula, não tínhamos mais acesso àquele maldito slide! E qual o resultado de tudo? Apenas a aula que não tínhamos caía na prova. Despencava na prova! Sorte ou azar?! Não sei, mas tenho saudade da guerra de papel. Tenho saudade da corrida desesperada atrás de empadinhas e comidas gostosas da cantina, pois ali, os últimos nunca serão os primeiros. Tenho saudades das apresentações de trabalho sempre bastante esperadas mas que nunca estava perfeita. Sempre faltava alguma coisa no final. Mas sempre éramos absolutamente elogiados. A turma mais top do colégio, eis que saímos de lá. E agora? O que faremos? A maioria tem destino certo na tão sonhada e anteriormente citada UnB. Outras pessoas decidiram seguir os estudos para concurso, investir num futuro estabelecido para então poder correr atrás de um ensino superior. Alguns estão investindo tempo em outras áreas, faculdades particulares para conciliar com um bom emprego. E outros ainda não tem destino certo... Como eu. Mas eu só tenho a dizer que todos aqueles que estiveram comigo durante o meu Ensino Médio são os melhores amigos que alguém poderia ter. As melhores companhias, a maior felicidade. Digo isso pois o maior amor que alguém pode ter no coração estou dispensando hoje, agora, nesse texto dedicado aos meus. Saibam que estarei aqui para ouvir o 'feliz para sempre' de cada um de vocês! Dentro de mim resta orgulho e saudade, de pessoas e um tempo que nunca ficará para trás.